O índio no poema

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Eu
Quero
Incerto
Esperto
De certo
Completo
Venero
Mistério:
Eu.

Quereres

Eu quero ser a palavra viva,
poesia torta,
recorte insano,
loucura morta

eu quero ser mais que menos
e mil vezes o infinito;
eu quero ser o aroma,
ser e não ser vencedor

eu quero vencer a vida,
derrotar a inercia,
quero espalhar feridas
de poesia eterna

quero ser a palavra dura
quero o verso que corta
quero ser bálsamo e dor
e a poesia que incomoda.

Viver dói

Dói.
Respirar, sentir, viver dói.
Dói e não tem analgésico.
Talvez o sono
talvez a fome
talvez a sede
talvez sede não sirva
nem sonho, nem gosto,
mas dói.

Viver cansa.
Deus me livre da eternidade!
Deus me livre do sossego!
Porque viver é trabalhoso.
Deus me livre do trabalho!

Ave Cristo,
Maomé,
Buda,
Oxalá...
que Eles me livrem!
Quem puder.

Viver cansa, dói e farta.
Ah, como farta!
Um mal estar extremo.
Há quem não aguente,
mas há quem, por pirraça - como eu
também não larga a peteca.

Já que tô dentro...Me aguente!
Deus, eu não pedi pra existir,
mas já que existo, me farto!!!

É Deus,coitado de quem foi
porque eu, cansando, doendo ou fartando
não quero nem saber:vivo e vivo mesmo
e vivo por pirraça, por vingança, por sei lá o que,
mas que eu vivo, eu vivo!

Meus gostos

Gosto da melodia
do Melodia nem tanto assim,
ele não é tão belo, tão sábio
mas seus acordes de amígdalas afinadas, sim

Gosto da letras,
gosto dos morfemas, radicais, afixos, sintagmas
gosto.
gosto dos sons
e dos fonemas,
gosto da ambiguidade
gosto ainda mais e mais ainda
da claridade
que envolve essas letras e sentidos;
gosto,
gosto também, sabe de quê?
gosto do gosto
que tua voz me traz
e gosto, a cada dia mais,
de gostar de vc.

gosto,
mas não sei se o gosto não é me tão doce assim,
por conta dos advérbios
e dos provérbios
de sonhos deletérios
gosto mais de mim.
gosto, sei que não devia gostar,mas gosto
e ainda sinto o gosto
no rosto que vejo nesse retrato
assim belo, assim, límpido

gosto e de tanto gostar, já me canso
por que mesmo, gosto tanto?
já me acostumei com os gostos
que gosto gosto gosto e pronto!
Feito menino birrento, fruto de um péssimo pedagogo.

Nai Souza
13/04/2010

Poesia

Um dedinho de poesia
com uma flor de alegria
pra alimentar o teu olhar

Dez palavras e um só mundo
uma rua de alvorada
e um novo dia a clarear

Não há bosque, não há campos
Não há Nise nem Marília
As palavras são de fibra
São de mel teu sussurrar

Recital de mil imagens
Tecitura de outros mundos
Sou Dirceu, sou Viramundo
Sou palavras a voar.

Ilusão

A quem, tanto quanto o poeta
Acredita em estupor
e no viver por viver
e no amor por amor
sem precisar exatamente
ou, ainda, não precisar
a distãncia entre o amor e o Amor
e entre o viver e o Viver.

A quem acha
que a incógnita do ser,
a essência da vida
e a dinâmica dos amantes
seja como dois e dois quatro
só resta, de fato, o sonho.